23/02/08

A ÁGUA

Hoje a samaritana leva-nos a falar da água. Jesus pede água.
Mas também temos bem diante dos olhos as cheias da zona de Lisboa, de há 8 dias.
Águas avassaladoras com destruição e morte.

Que sentido tem a água na nossa vida? A água lembra-nos muitas coisas.

Sem água não há vida. É na água que se iniciou a vida e é ela que a possibilita e sustenta até hoje.

A água é um presente de Deus às suas criaturas. S. Francisco até a trata por Irmã. Irmã útil, humilde, preciosa e pura.

Água que nos cria, nos mata a sede, nos lava o corpo…chuvas que caiem dos céus, refrescando-nos, correndo, mansa e benfazeja, pelos sulcos da terra, rios que serpenteiam pelos vales, mares que enchem abismos. Os ¾ da superfície da terra estão cobertos de água. O nosso corpo é, na maior parte (60 %), de água. A água é origem e berço, é fonte de vida. “Água fria em terra quente, arranca a vida da semente”. É ela que mantém as funções vitais de todos os seres vivos.

As águas podem ser suaves e terríveis, humildes e portentosas, cristalinas e obscuras, preciosas e estarrecedoras, força misteriosa. A água inunda e destrói, mas também lava e purifica. Alerta-nos para os nossos descuidos, a poluição e indiferença para com as águas dos ribeiros, das fontes, dos rios e mares.

Faz-nos baixar os olhos em humilde admiração e suscita em nós a gratidão ao Criador pela sua bondade.

Pela água das azenhas e das barragens a técnica humana gera energia que facilita a vida, a luz que vence a noite e força que movimenta a modernidade.

A água encanta poetas, inspira artistas, distrai as crianças e desperta a Fé.

Faz-nos lembrar o dilúvio e o baptismo.

Traz-nos à memória de crentes as águas do Mar Vermelho, sinal de libertação e vida nova para o povo hebreu; as águas do Rio Jordão e o Baptismo de Jesus onde se revelou “o Filho muito amado de Deus”.

Recorda-nos a conversa de Jesus com Nicodemos: “Quem não nascer da Água e do Espírito não entrará no Reino de Deus” (Jo. 3,5). Apresenta-nos a Fonte baptismal.

A água é símbolo da vida nova que é transmitida ao baptizado. É também neste sentido que o sacerdote, no momento da apresentação das oferendas, junta gotas de água ao vinho: o povo de Deus, salvo pelas águas do baptismo, pela fé no sangue redentor, une-se a Cristo.

Voltando à samaritana: Jesus pede-lhe água, mas oferece-lhe outra água “Se tu conhecesses o dom de Deus”.

Em todos nós há uma samaritana, porque todos os dias procuramos no poço das nossas rotinas a água que não mata a sede.

A Quaresma desperta-nos para a Fonte de água que é Cristo.


P. Batalha, in Farol (Paróquias de Sta. Bárbara e de Ribamar)

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